Fórum COMUNG: proposições sobre como fomentar a inovação no ensino superior e apresentação de startups movimentam último dia de evento
Na tarde desta sexta-feira (26), diversos painéis mobilizaram os participantes do Fórum COMUNG a refletir sobre a atuação empreendedora e inovadora das ICES Comunitárias e a consequente interface com o mercado e a sociedade em geral.
O painel ‘Inovação no currículo como portfólio do aluno’ foi mediado por Lia Maria Herzer Quintana, reitora da URCAMP e 1ª vice-presidente do COMUNG, que fez considerações sobre as explanações, relacionando com as demandas atuais e oportunidades futuras do ensino superior.
Mônica Mariano, especialista de Desenvolvimento Industrial na área de Educação Profissional e Tecnológica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), também é gestora do Programa Saga SENAI de Inovação, baseado na confiança da capacidade dos alunos em atuar de forma efetiva na resolução de problemas das empresas. As ações desenvolvidas no âmbito do programa complementam o processo formativo do aluno, transformando-se em portfólio para a posterior carreira profissional. O Saga SENAI se comunica a uma série de outros projetos desenvolvidos pelo Serviço, obedecendo, assim, a uma série de etapas para elaboração do produto ou serviço desde a identificação dos desafios, passando pela concepção de prototipação, até a aplicação prática nas empresas.
Desde 2016, todas as atividades do Saga são registradas na plataforma de inovação do SENAI. Mais de 1 mil empresas participaram do processo, com 21.926 soluções cadastradas pelos alunos. “O programa proporciona o aprendizado do aluno SENAI com experiências concretas e problemas reais de pequenas, médias e grandes empresas”, ressalta a painelista.
Em sua fala, a secretária de Educação do RS, Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira, destacou a importância da implantação de uma cultura inovadora em todos os níveis de ensino. O sistema inovador que se observa nas Universidades Comunitárias Gaúchas precisa começar na educação básica.
O ensino deve considerar o desenvolvimento integral do ser humano, superando o modelo ainda comum, focado em decorar conteúdos sem significados aprofundados.
“Guerras, epidemias e tecnologia são eventos que definem as grandes transformações sociais. Estamos imersos em um cenário de profunda transformação social. O que o mundo produziu de inovação em 150 anos, será gerado de forma correspondente nos próximos 15 anos. As crianças que hoje estão na pré-escola serão adultos em um mundo completamente diferente do atual, esse movimento precisa ser acompanhado pelo ensino inovador”, afirmou.
No período mais latente da pandemia, a desigualdade no acesso à tecnologia aprofundou os abismos sociais – um aspecto que não pode ser ignorado. Na educação básica do ensino fundamental, o acompanhamento presencial de professores se provou ainda mais essencial.
“A pandemia refletiu negativamente na saúde emocional e psíquica dos estudantes, efeitos nocivos que reverberam no ambiente escolar. Como trabalhar a escola que se recupera de um contexto de pandemia em pela revolução tecnológica, que prepara para viver em um mundo que não temos como precisar como será?”, indaga a secretária.
Raquel também explanou sobre o trabalho desenvolvido pela pasta estadual de Educação. Uma das ações é a criação de um programa de recuperação emergencial da aprendizagem para os alunos da educação básica. Em complemento, investe-se na formação sólida dos professores para que tenham suas habilidades fortalecidas no processo de mediação entre alunos e aprendizado, com o suporte da tecnologia.
Román Martínez Martínez – Director de Efectividad e Impacto Institucional – Vicepresidencia de Proyectos Estratégicos Tecnologico de Monterey – México, também participou do painel. Ele compartilhou experiências da aplicação do Modelo Educativo Tec 21, que representou uma mudança radical no modelo de educação no ensino superior das instituições universitárias de Monterrey no que se refere à didática, ao processo educativo, às avaliações, à flexibilidade da estrutura curricular e à oferta acadêmica, ao corpo docente colaborativo que atua de forma interdisciplinar e ao acompanhamento dos estudantes por meio de mentorias contínuas.
Pesquisa como solução de problemas locais
O painel ‘Transformando pesquisa em soluções para a sociedade – o papel das ICES no desenvolvimento local’ teve a mediação de Cleber Prodanov – Reitor da FEEVALE e 2° vice-presidente do COMUNG. Ao relacionar os cases compartilhados durante o encontro com a vocação das ICES Comunitárias em propor o desenvolvimento das comunidades em que estão inseridas, Prodanov lembrou a atuação das instituições durante a pandemia, que, em sua avaliação, assumiram certo protagonismo, trazendo e aplicando soluções para a manutenção do funcionamento da sociedade.
Simone Stülp, diretora de Inovação e Sustentabilidade da Univates, compartilhou o case do Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates). Instalado 2014 com o apoio de entidades públicas e privadas, o ambiente conta com empresas parceiras em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. A atuação principal ocorre em projetos das áreas de biotecnologia, tecnologia ambiental e saúde.
O painelista lembrou a parceria com o poder municipal na testagem da população para o controle da disseminação da Covid-19, batizado de ‘Testa Lajeado’. A iniciativa ajudou a entender melhor o ritmo de contaminações pela doença, permitindo ações mais efetivas de controle da doença. Também compartilhou informações sobre o ‘Vale a Vida’, projeto de atendimento remoto em psicoterapia para residentes do Vale do Taquari e Vale do Rio Pardo, que ofereceu mais de 600 atendimentos.
Simone explanou também sobre o Pro_Move Lajeado, projeto que atua em ações voltadas à transformação de Lajeado em uma cidade inovadora. A iniciativa busca o engajamento comunitário, seja por meio de entidades, seja pelo envolvimento de munícipes interessados em contribuir para que a cidade se reinvente.
Juliane Fleck, coordenadora do Mestrado em Virologia e do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, contou a experiência do Laboratório de Microbiologia Molecular (LMM) da Feevale. A estrutura realizou o acompanhamento da disseminação do novo coronavírus, auxiliando no diagnóstico para 41 prefeituras e 499 empresas gaúchas. Quase 60 mil testes foram realizados.
Alsones Balestrin, Pró-Reitor Acadêmico e de Relações Internacionais da Unisinos, trouxe informações sobre a Aliança para Inovação, formada pela PUCRS, UFRGS e Unisinos. Trata-se de um acordo de cooperação firmado em 2018 para inovação e desenvolvimento de Porto Alegre. A causa coletiva prevê, por exemplo, colaboração entre Parques Tecnológicos e Incubadoras, em projetos conjuntos de pesquisa e na oferta conjunta de cursos de formação.
Jorge Audy, superintendente de Inovações da PUCRS, explicou sobre o Pacto Alegre, a iniciativa de maior envergadura da Aliança pela Inovação. O acordo entre instituições de ensino, governo, iniciativa privada e sociedade civil existe para estimular o empreendedorismo colaborativo. Uma união de esforços em favor da inovação para o desenvolvimento sustentável e da qualidade de vida na capital gaúcha.
Luís da Cunha Lamb, secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS, acredita que o papel das universidades comunitárias traduz a capacidade empreendedora das comunidades, com atuação importante em momentos críticos enfrentados pela sociedade. “Enfrentamos uma transformação significativa do conhecimento, com cenários desafiadores no que se refere ao meio ambiente e à mudança do paradigma econômico, com o capital humano em posição central. As ICES terão papel decisivo nesse novo desenho social da humanidade”, destacou.
Citou o Programa Inova RS que, até 2030, prevê o estado como referência global em inovação como estratégia de desenvolvimento local. Esse é o propósito do Inova RS, programa estadual que orienta e embasa as ações da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia.
Empreendedorismo nas universidades
O painel ‘A importância do perfil empreendedor da universidade para a evolução da sociedade’ teve como mediadora Bernadete Maria Dalmolin – Reitora da UPF e Secretária do COMUNG, reafirmou o compromisso das ICES Comunitárias com a produção do conhecimento, formação de qualidade e desenvolvimento das regiões de inserção, assim como novas Perspectivas de crescimento econômico e social, e, com isso, uma vida mais qualificada para todos.
Carlos Búrigo, presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa Gaúcha e Deputado Estadual, citou os desafios enfrentados pelo setor educacional do Estado nesse momento de retomada do pós-pandemia. O painelista também mostrou apoio à pauta do COMUNG sobre a destinação de verba para a formatação de um programa de concessão de bolsas para que estudantes de baixa renda possam cursar o ensino superior. Conforme lei, 0,5% do orçamento deve ser destinado ao ensino público ou comunitário. Atualmente, o montante destinado é de cerca de 0,25%
Jaime Roberto Ramírez García, decano de la Facultad de Ciencias Administrativas y Económicas de la Universidad Católica de Trujillo-Perú, também participou do painel compartilhando as experiências empreendedoras aplicadas na instituição de ensino a que representa.
Mariana Zanatta Inglez, gerente do Parque Científico e Tecnológico e da Incubadora da Unicamp, trouxe esclarecimentos sobre a Inova Unicamp, criada em 2003, com o objetivo de estabelecer uma rede de relacionamentos da Unicamp com a sociedade para incrementar as atividades de pesquisa, ensino e avanço do conhecimento. Desde então, vem crescendo e evoluindo, executando projetos e oferecendo novos serviços para ampliar o impacto positivo em todos os ecossistemas em que atua.
Inovação que conecta universidades e sociedade
O painel ‘Ambientes de inovação: desenvolvendo negócios e interagindo com a comunidade’ teve a mediação de Cátia Maria Nehring, reitora da UNIJUÍ e Tesoureira do Comung.
Artur Gibbon, presidente da Rede Gaúcha de Ambientes de Inovação (REGINP), reforçou a importância das universidades investirem no relacionamento com a economia tradicional por meio da oferta de soluções para as demandas do mercado, fazendo uso da inovação e da tecnologia.
Pedro Valério, CEO do Instituto Caldeira, compartilhou com os participantes informações sobre o Instituto, sem fins lucrativos, que busca conectar empresas e startups para estimular o ecossistema de inovação do RS.
Francisco Saboya, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), citou a posição de destaque assumida pelo Rio Grande do Sul na manutenção de espaços inovadores dentro das universidades comunitárias.
Giovani Feltes, deputado Federal e também painelista do encontro, destacou o papel dos governos na destinação de recursos e incentivo às entidades que promovem o empreendedorismo e a tecnologia. Afirmou que as legislações precisam refletir o comprometimento com as organizações de inovação, caso das universidades e de seus parques tecnológicos.
Encerramento
No encerramento do Fórum, na noite desta sexta-feira, o reitor da UCS e presidente do COMUNG, Evaldo Antonio Kuiava, destacou os principais momentos do encontro e a relevância dessa edição para o debate sobre o DNA inovador das Instituições de Ensino Superior Comunitárias. Kuiava também agradeceu ao apoio das entidades participantes e ao patrocinador, o Sindicato Das Entidades Mantenedoras de Instituições Comunitárias de Educação Superior no Estado do Rio Grande do Sul (Sindiman/RS).
Startup Plus University: premiados universitários com as melhores ideias para Startups de inovação
Durante o IX Fórum de Gestão e Inovação do COMUNG, sediado pela UCS, universitários foram desafiados a desenvolver ideias para solucionar problemas e promover a inovação acadêmica.
Buscar ideias que ajudem a resolver problemas atuais do ensino universitário em três diferentes eixos temáticos de inovação. O Startup Plus University, resultou em dois dias de muita interação e aprendizado prático para promover a inovação no ambiente acadêmico.
Nesta edição, 87 universitários, todos alunos das instituições ligadas ao Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas, escolheram um desafio – ou eixo temático – e, a partir dele, criaram uma Startup de inovação.
O Pitch final, com apresentação a potenciais investidores das propostas e entrega das premiações, ocorreu nesta sexta-feira, às 17h30, junto ao encerramento do IX Fórum de Gestão e Inovação do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (COMUNG).
Em primeiro lugar, a equipe Don’t Stop, com a proposta de possibilitar que os universitários tirem do papel através de uma plataforma tecnológica e inovadora, adentrando no mundo do empreendedorismo. Pela ideia, o grupo recebeu prêmio de R$ 3 mil.
O segundo lugar ficou com a equipe Universus: Conectando Conhecimentos. A proposta idealizou uma plataforma de integração e interação entre os alunos e o ecossistema acadêmico, voltado para o compartilhamento de conteúdos, ideias, projetos e vivências. O projeto foi contemplado com R$ 2 mil.
Na terceira colocação, Cubic, com proposta de Metaverso em uma plataforma de aprendizagem e diversão por meio da gameficação. A premiação foi de R$ 1 mil.
Tanto os grupos de trabalho como os projetos foram definidos nesta quinta-feira, de forma simultânea ao evento. Todo o processo de criação das startups foi desenvolvido e acompanhado por mentores, desde a validação do problema e formação de times, modelo de negócio, mínimo produto viável e teste de mercado, até a preparação e apresentação de pitchs.
No encerramento, Fábio Verruck, responsável pelo Startup University e Coordenador do Programa STARTUCS – UCSiNOVA, valorizou a experiência e a qualidade dos trabalhos inovadores desenvolvidos pelos universitários. Também aproveitou para agradecer o empenho das equipes envolvidas.
O eixo 1 tratou de ‘Tecnologias voltadas ao ensino digital e à educação virtualizada.’ Nesta opção, é preciso responder ao seguinte questionamento: ‘Quais tecnologias podem ser usadas no processo de avaliação do ensino digital e na melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem?’
Os estudantes que optaram pelo eixo 2, ‘Empreendedorismo inovador nos meios acadêmicos’, buscaram responder à seguinte pergunta: ‘Como transformar soluções criadas a partir de projetos acadêmicos (sala de aula) em ofertas reais ao mercado?’
Já o eixo 3, ‘Educação para o desenvolvimento sustentável’, desafiou os participantes a definir como ‘Como universidades podem contribuir para o desenvolvimento de competências e habilidades adequadas às exigências atuais do mercado?’