Pitch Comung: projetos de Universidades mostram como incluir empreendedorismo no ensino superior
A nona edição do Fórum de Gestão e Inovação do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (COMUNG) proporcionou, em sua programação, o compartilhamento de cases de sucesso na tarefa de incorporar práticas empreendedoras no ensino superior.
A feira virtual Pitch Comung reuniu relatos mostrando iniciativas executadas nas instituições de ensino superior integrantes do Consórcio.
Em sua fala, a head de Inovação e Relacionamento com o Mercado da UPF, Cassiane Chais, parabenizou o COMUNG pela promoção do movimento em prol da inovação e do empreendedorismo.
Confira os projetos apresentados no Pitch Comung:
– Empreendedorismo na Saúde: O case do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Feevale – FEEVALE
Apresentação: Marcelo Curth, professor
O Instituto de Ciências da Saúde entendeu a necessidade de colocar nos currículos dos diferentes cursos uma unidade que pudesse abordar de maneira prática o empreendedorismo.
Com mentoria e metodologia específicas, durante as aulas, são propostas diferentes abordagens para desenvolvimento de ideias ligadas às áreas de atuação, contando com cases, proposições e práticas de etapas de negócios. O objetivo é a qualificação dos alunos na criação de negócios e sustentabilidade profissional.
– A estratégia do empreendedorismo transversal a partir do IDEAR – Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação da PUCRS – PUCRS.
Apresentação: Ana Cecília Bisso Nunes, coordenadora acadêmica
O IDEAR – Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação da PUCRS foi criado em 2016 e atua no incentivo aos estudantes, profissionais e à comunidade em geral no desenvolvimento de competências empreendedoras por meio de resolução de problemas e metodologias ativas. Disciplinas, palestras, cursos/programas de desenvolvimento, assessorias e eventos são os meios utilizados.
Como objetivos, estão a incorporação do empreendedorismo no currículo acadêmico, desenvolvimento do corpo docente e fortalecimento das relações entre IES e outros setores da sociedade.
– Mindset empreendedor no ensino superior – UCS
Apresentação: Anadir Roveda, professor
A proposta da disciplina de Empreendedorismo da UCS é oferecida para a graduação e a integração desta com todo o ecossistema empreendedor da Instituição.
– Contdigital contabilidade online – UFN
Apresentação: Matheus Camargo, CEO
A iniciativa oferece serviços de contabilidade para micro e pequenas empresas optantes pelo Simples Nacional, desde o processo de abertura de CNPJ até o acompanhamento mensal das rotinas contábil, fiscal e pessoal.
O foco é melhorar a experiência dos empreendedores na gestão dos seus negócios, impactando na redução de papéis, logística e otimização de tempo, além de um atendimento qualificado e ágil. Já está presente em mais de 29 cidades, com vistas à expansão nacional.
– Interação Universidade – Empresas: Case Laboratório de Práticas de Gestão – UNICRUZ
Apresentação: Juliano Nunes Alves, coordenador da Agência de Empreendedorismo e Inovação – Start
Para contribuir com a formação dos acadêmicos do curso de Administração, a disciplina de Laboratório de Práticas de Gestão se assenta na lógica da interação universidade-empresa.
Assim, realiza a interação com empresas locais/regionais, por meio de diagnóstico gerencial e proposição de soluções, a fim de contribuir para a formação dos alunos e com o desenvolvimento econômico e social. Até o momento, 23 empresas já foram atendidas.
– Hackapower – Transformando ideias em soluções – UNIJUÍ
Apresentação: Peterson Cleyton Avi, professor
Trata-se de uma maratona de desenvolvimento de soluções tecnológicas que contempla três desafios reais do setor de energia, abordando os temas ‘Energias Renováveis’ e ‘Redes Elétricas Inteligentes’. O evento é desenvolvido com parceria de diversas entidades, com mais de 100 participantes distribuídos em 20 equipes.
– Feira de Criatividade e Inovação – UNILASALLE
Apresentação: Giovanni Bohm Machado, coordenador do La Salle Tech
Evento anual com o objetivo de trazer a inovação e o empreendedorismo para o ambiente de ensino, trata-se de uma competição entre estudantes de todas as áreas do conhecimento
Na final, todos apresentam seus projetos, protótipos e modelos para apreciação de uma banca especializada. Há, ainda, palestras, workshops e muito networking.
– Laboratório de Empreendedorismo e Práticas Comunitárias: propondo soluções por meio da educação empreendedora – UNISC
Apresentação: Giana Diesel Sebastiany, diretora de Ensino de Graduação
A proposta tem como objetivo fazer com que o estudante tenha contato com o ambiente empreendedor, no primeiro e no terceiro semestres, aliando os conceitos estruturantes do empreendedorismo clássico e social com a prática.
Também é um potencial gerador de novas ideias e projetos para a incubadora da Universidade.
No primeiro semestre, 77 projetos foram desenvolvidos com o objetivo de propor soluções para os desafios apresentados pelas instituições participantes.
– Reinventando Negócios através do RELAB – UNISINOS
Apresentação: Emanuelle Nava Smaniotto, professora e coordenadora na Escola de Gestão e Negócios
Criado na pandemia com o intuito de ajudar as empresas que passavam por dificuldades. No total, 65 alunos voluntários se uniram e atenderam 67 empresas que precisavam de orientação. Em 2020, as mentorias seguiram os pilares: modelo de negócios, posicionamento digital e metodologias ágeis. Recentemente, a iniciativa resultou na constituição da primeira Empresa Jr. da Universidade.
– Experiência do Estúdio de Criação [ ESC ] Univates – UNIVATES Apresentação: Rodrigo Brod, coordenador do curso de Design
O modelo de desenvolvimento de projetos do [ ESC ] (Estúdio de Criação Univates) proporciona um ambiente de autonomia e autogestão dos estudantes em grupos de trabalho, com interface com a sociedade e problemas reais. Os desafios lançados nos projetos possibilitam que os estudantes desenhem projetos e negócios.
– EdTechs: Metodologia Inovadora Pedagógica – UPF
Apresentação: Teofanes Foresti Girardi, gestora de Inovação UPF Parque
A iniciativa é um Canva Pedagógico. A ferramenta, oriunda da engenharia e muito utilizada para modelagem de negócios, foi redesenhada e transformada para se tornar uma ferramenta auxiliar ao planejamento das disciplinas e da gestão dos cursos. O Canva permite a visualização do conteúdo ou planejamento pedagógico em diferentes cenários, com uso de várias plataformas de ensino. O professor pode configurar o conteúdo de acordo com as competências e habilidades que serão desenvolvidas durante o semestre.
– SOU I Plataforma de Projetos Integradores – URCAMP
Apresentação: Leandro Rocha Soares Pires, gerente de Inovação
Canal de comunicação entre estudantes, comunidade e empresas. Através de uma nova metodologia de ensino, a Instituição estreita os laços, propiciando experiência aos acadêmicos e solucionando os problemas dos parceiros que se cadastrem.
Fórum COMUNG: painéis examinam cenário atual e perspectivas para a ampliação do inovação no ensino superior
O Fórum teve continuidade nesta sexta-feira (26), com o aprofundamento do debate sobre novas tecnologias educacionais, formação empreendedora, adaptações no período de pandemia e relação das Instituições Comunitárias de Ensino Superior (ICES) com a sociedade e com a inovação.
Na parte da manhã, foi realizado o painel ‘Universidades como grandes celeiros de desenvolvimento de startups’. Roberto Rabello, representante da equipe gestora da UPF Parque, explanou sobre o Parque Científico e Tecnológico da Universidade de Passo Fundo, criado em 2013 com a missão de gerar conexões que potencializam a transformação do conhecimento em inovação e a ligação entre academia e outros segmentos da sociedade, na geração de novas empresas. O Parque UPF conta com eixos verticais conectados com as demandas da região: Indústria Criativa, Agrotech (tecnologia para o agronegócio), Saúde Digital e Educação.
O painelista também apresentou e esclareceu aspectos sobre a estrutura funcional, projetos e programas em desenvolvimento que integram o espaço.
“A universidade é o único modelo capaz de unir pesquisa, ensino, extensão e levá-los ao mercado. Um parque tecnológico inserido no ambiente universitário propicia o equilíbrio entre ensino, pesquisa e inovação, potencializando o desenvolvimento e surgimento de novos modelos de negócio”, considerou.
Pós-doutor em Cidade Digital Estratégica – Strategic Digital City, Rabello é professor titular da Universidade de Passo Fundo na graduação e em programas de pós-graduação, e fundador de empresas de tecnologia e CIO da Umentor Brasil. Também atua em diversos programas da Instituição na área de inovação.
Ismael Wimmersberger, CPO da Umentor Brasil, apresentou a startup de tecnologia em gestão e educação corporativa criada em 2018 e instalada no Parque UPF. A empresa desenvolve treinamentos assertivos a partir de um direcionamento obtido por meio da análise de desempenho de equipes, identificando as necessidades de capacitação com base na performance, potencialidades e desafios do colaborador. O processo, explicou, é totalmente customizado às necessidades da organização. A plataforma também disponibiliza dados e resultados que amparam decisões e estratégias de gestão de equipes das empresas.
Conforme o painelista, a startup é uma das poucas no país que desenvolve esse tipo de trabalho. A plataforma já conta com 25 mil usuários.
Wimmersberger foi gerente de Região do SENAC (RS) no período de 2004 – 2018, especialista em Gestão de Negócios pela ULBRA (RS), e possui MBA em Marketing pela ESPM (SP).
Diretor de Empreendedorismo Inovador do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcos Cesar de Oliveira Pinto elogiou os cases abordados no painel, segundo ele, exemplos de iniciativas concretas ao encontro da inovação no ensino superior.
O painelista também repercutiu o Programa Centelha, iniciativa do Ministério que visa estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora no Brasil. No primeiro edital do programa, lançado em 2020, graduados e pós-graduados representaram 90% dos proponentes. Exemplo que demonstra o papel das universidades para formar capital humano e empreendedor. “O programa é muito próximo das ICES na medida em que o conhecimento que é gerado nas Universidades pode se transformar em startups de sucesso.”
Além do fomento ao surgimento de startups, o painelista comentou sobre desafios percebidos nos ambientes de inovação. Dentre eles, a discrepância entre a presença feminina e a participação masculina em ecossistemas de inovação.
O diretor do MCTI também adiantou que será lançado, no próximo ano, o edital da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) que vai disponibilizar mais recursos para os ambientes de inovação das Universidades e, também, a criação de centros de inovação.
Marcos Cesar de Oliveira Pinto possui 10 anos de experiência no Poder Executivo Federal, atuando no suporte à formulação, implementação, monitoramento e avaliação de políticas públicas, notadamente nas áreas de telecomunicações, economia digital, inovação e privacidade/proteção de dados. Antes disso, teve 15 anos de experiência no setor de TICs na iniciativa privada. É graduado em Ciências da Computação pela Universidade Estadual de Londrina e mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento pelo IPEA.
Nery Rodrigues, analista de Eventos da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), apresentou a estrutura da entidade, bem como o cenário de inovação do estado de Santa Catarina. Atualmente, são 1,4 mil empresas ligadas à ACATE, que é a principal representante do empreendedorismo inovador em Santa Catarina. “Nossa missão é apoiar o ecossistema local de ponta a ponta, das startups às empresas de grande porte.”
Rodrigues também levantou a questão da presença feminina nos ambientes de inovação, que, considerou, vem crescendo e conquistando papéis de lideranças nas startups do estado catarinense.
“Grandes players mundiais de tecnologia, como o Google, a Amazon e o Facebook, têm em comum já terem sido startups e nascidas em ambientes universitários – inclusive com a participação de brasileiros em sua fundação”, contextualizou, ao lembrar do processo evolutivo e potencial de crescimento que uma startup pode alcançar.
Graduado em Relações Públicas pela PUCPR, atualmente cursando MBA de Gestão da Inovação na Comunicação Digital, já produziu grandes eventos da rede Fort Atacadista, maior rede de atacarejo de Santa Catarina.
O painel teve mediação do presidente do COMUNG e reitor da UCS, Evaldo Antonio Kuiava, que ressaltou a qualidade das pautas abordadas pelos painelistas e a importância da iniciativa do MCTI de envolver-se na potencialização da inovação no ensino superior. Ele também citou o protagonismo de Santa Catarina nesse aspecto.