Robótica Educativa Livre desafia estudantes a criar e a inovar
Projeto de extensão da UPF atua em escolas da rede de educação pública e privada para elaboração, construção e programação de robôs
A conexão com a tecnologia é cada dia mais acelerada, inovações surgem com uma frequência cada vez maior e o conhecimento aliado à possibilidade de criar coisas novas se torna necessário. Diante dessa realidade, a Universidade de Passo Fundo (UPF) realiza, desde 2013, o projeto de extensão Robótica Educativa Livre, um espaço que conecta a Universidade às escolas da rede pública e privada de educação, promovendo uma olimpíada que desafia os estudantes a criar e a inovar, projetando a construção e a programação de robôs.
Esse foi o desafio que a então estudante da escola Marista Medianeira de Erechim, Maria Eduarda Bondezan Barandas, teve em 2016, quando participou da Olimpíada de Robótica Educativa Livre. Ela já tinha contato com a robótica na escola e pôde aprender coisas novas com a competição. O gosto pela área e a experiência positiva da olimpíada despertaram a vocação de Maria Eduarda, que, em 2018, ingressou no curso de Engenharia de Computação da UPF.
Como acadêmica, agora ela integra a equipe que atua no projeto de extensão como bolsista, e, assim como teve a oportunidade de aprender e vivenciar a olimpíada, agora participa da organização e ajuda outros estudantes a também participarem. Uma das experiências mais impactantes até o momento, para ela, foi o auxílio a um professor de uma escola de Carazinho que propôs ensinar robótica aos seus alunos e teve o suporte de Maria Eduarda e outros bolsistas. “São coisas básicas da robótica que conseguimos repassar e contribuir com o conhecimento”, avalia ela, que cita a importância da interação com a tecnologia. “No mundo em que vivemos hoje, é impossível não estar conectado”, reflete.
Olimpíada de Robótica
A Olimpíada de Robótica Educativa Livre, que está em sua 7ª edição, é um projeto de extensão que objetiva oportunizar o contato das escolas, tanto alunos quanto professores, com a Robótica Educativa, de forma prática. Através de quatro etapas realizadas ao longo do ano, cada uma das equipes se prepara para construir aparatos robóticos para atender aos requisitos colocados em cada uma das etapas. Coordenador das atividades, o professor Dr. Marco Trentin comenta que o projeto está vinculado aos programas de pós-graduação em Computação Aplicada e também ao de Ensino de Ciências e Matemática.
As atividades de robótica requerem que os estudantes construam artefatos, os aperfeiçoem e reflitam sobre o produto obtido, o que ainda é pouco explorado como meio de aprendizagem. “A competição tem quatro ou cinco etapas, com um grau crescente de dificuldade, para que os alunos gradativamente se apropriem de comportamentos, habilidades e competências desejáveis a integrantes de grupos de robótica”, informa Trentin. No projeto, todos os componentes eletrônicos – como motores, sensores, atuadores, baterias, cases, além da placa Arduino – são emprestados às equipes.
A intenção, segundo ele, é que, a partir da olimpíada, a escola comece a desenvolver e a intensificar atividades nessa área, isso porque é possível integrar a robótica com várias áreas do saber que são tradicionalmente trabalhadas em sala de aula. “A robótica assume o papel de uma ponte de ligação interdisciplinar visando à construção do conhecimento coletivo a partir da aplicação com a realidade, oportunizando a criação de soluções voltadas ao mundo real”, aponta o professor.
Da Universidade para a escola e da escola para o mundo
Projetos como o Robótica Educativa Livre despertam o interesse nos estudantes, conforme Trentin, além de propiciar benefícios como a aprendizagem e/ou a aplicabilidade de conceitos matemáticos e de ciências com maior profundidade. Segundo ele, a aprendizagem também se dá pela descoberta e pelo erro, pela diversão e interdisciplinaridade, pelo desenvolvimento da habilidade de trabalhar em equipe e da comunicação e pela socialização. Além disso, ela estimula competências com números e medidas, o desenvolvimento do pensamento lógico e da abstração, da imaginação, da criatividade e da independência. “A robótica, mesmo a educacional, faz com que os alunos aprendam conceitos básicos de programação de computadores, eletrônica e mecânica”, destaca o professor.
O projeto busca desmistificar que a robótica é complexa, fator que faz com que professores que ainda não a conhecem costumem mostrar resistência à ideia de trabalhar com ela. “Uma vez caindo essa barreira da resistência, acredita-se que os professores podem começar a realizar com maior frequência e diversidade o uso da robótica na escola, em situações diversas”, aponta Trentin, citando que a escola pode, e deve, envolver os alunos de hoje em habilidades esperadas dos futuros profissionais do século XXI, independente da carreira que venham a seguir. “A robótica pode ser um bom recurso a propiciar isso: desenvolver nos alunos habilidades de protagonismo, perseverança, pensamento crítico, criatividade, colaboração, gestão de tempo, gestão de projeto e curiosidade”, identifica.
Para ele, devido ao mundo globalizando, espera-se cada vez mais, de um profissional moderno em qualquer nível de atuação em uma empresa, um perfil que passe pela capacidade de poder acompanhar a evolução tecnológica, autonomia, autodesenvolvimento, criatividade, multifuncionalidade e rápida adaptação às mudanças.