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Tudo que você precisa saber para não comprar um animal traficado

Período de nascimento favorece a oferta de filhotes silvestres traficados. Quem compra também é responsável pela morte de 8 a cada 10 animais retirados da natureza

Parece um ato generoso comprar uma ave recém-nascida ou um filhote de algum mamífero de aparência fofinha com o intuito de cuidá-lo pelo resto da vida. Mas, na verdade, esse é um ato cruel que carrega consigo uma série de crimes e maus tratos aos quais esses animais são submetidos. Assim como quem trafica, quem compra também comete crime.

O dado é alarmante. Oito em cada dez animais traficados morrem após serem retirados forçosamente da natureza. Os dois que sobrevivem, quando são vendidos, motivam os traficantes a retirarem novos animais da natureza para alimentar esse mercado marcado pelo sofrimento. As punições para quem comete esse tipo de crime vão desde multas até a detenção, dependendo da gravidade e do tipo de envolvimento.

A professora e coordenadora do Grupo de Estudos de Animais Silvestres da Universidade de Passo Fundo (Geas/UPF), Me. Michelli de Ataide, explica que o tráfico de animais é um crime cometido sem interrupção durante o ano, no entanto, nesta época, aumenta o tráfico de filhotes em função de serem mais fáceis de serem condicionados. Como dependem de mais cuidados e são mais frágeis, também são mais suscetíveis a morrer.

Os maus tratos ocorrem desde que o animal é retirado da natureza. Posteriormente, são transportados em condições precárias, geralmente em recipientes pequenos e superlotados, o que pode causar fraturas e até a morte. A alimentação inadequada e a posterior vida em cativeiros nem sempre adequados completam a sentença a que são condenados.

Os danos, no entanto, não se resumem ao sofrimento individual dos animais, que, por si só, já configura um crime. A retirada dos indivíduos da natureza diminui o número de espécies polinizadoras e disseminadoras de sementes. Altera ainda o equilíbrio ambiental, uma vez que as proporções entre presas e predadores fica desregulada.

Denúncia ajuda a coibir o crime

Existem duas formas de contribuir para o fim do tráfico de animais silvestres. A primeira delas é não comprando exemplares de animais irregularmente. A segunda é denunciando, mesmo que anonimamente, situações suspeitas. A denúncia anônima pode ser feita a diversos órgãos, desde a Brigada Militar, Ibama e Secretarias Municipal e Estadual do Meio Ambiente.

Quem decide optar por ter um animal silvestre deve procurar criadores autorizados e verificar com cuidado a procedência. Além disso, é indicado que conversem com pessoas que tenham um animal da espécie pretendida para ter noção real do comportamento, cuidados necessários, tipo de recinto que necessitam, custos com alimentação e veterinário. “Muitas vezes, as pessoas acabam largando os animais na natureza irregularmente, e novamente desequilibra o meio ambiente”, reforça Michelli.

Esses cuidados servem tanto para garantir o bem-estar do animal quanto para evitar que, em caso de arrependimento, eles sejam soltos irregularmente na natureza. “As pessoas têm que entender que antes de criar qualquer animal é necessário saber se tem o perfil, se tem capacidade de manter o animal e lembrar que silvestre não é pet”, enfatiza. A professora lembra que animais silvestres, embora estejam condicionados ao convívio com tutores, podem, em algum momento de sua vida, reagir instintivamente de forma selvagem, seja por medo, por dor ou outro tipo de situação.

Fotos: Divulgação