Estudantes de Medicina da UPF dão lição de empatia com o Trote do Bem
Hoje é a entrada de vocês na faculdade. Como futuros médicos, a gente quer que vocês tenham mais humanidade, e nesse primeiro dia de aula vocês têm dois professores que, mais do que qualquer outro, podem ensinar muito à vocês”. Os professores a quem a acadêmica do curso de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF) Laura Skonieski se referia eram Alisson e Emanuel. Pacientes em tratamento oncológico no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). Com a ajuda deles, a equipe da Associação Atlética Acadêmica Gaúchos de Passo Fundo (AAAGPF) recebeu os cerca de 50 novos acadêmicos do curso em mais uma edição do Trote do Bem.
Este já é o terceiro ano do projeto. Para marcar a entrada dos “bixos”, os pacientes do Centro Oncológico Infantojuvenil do HSVP são convidados a cortar os cabelos dos estudantes em uma tarde cheia de sorrisos. A atividade é, inclusive, o primeiro contato dos acadêmicos com o ambiente hospitalar e tem como principal objetivo promover a empatia nos futuros profissionais. “Acho que esse é o principal ponto desse Trote, instigar os estudantes a buscar serem médicos qualificados não só para obter o êxito no mercado de trabalho, mas também para serem o melhor profissional para o seu paciente, para trazer o bem para a pessoa que está na sua frente”, destacou o presidente da Atlética, o acadêmico Vicente Hauli.
Para a acadêmica recém-chegada Amanda Bortolini a estratégia de gerar empatia funcionou. Apesar de já ter o cabelo mais curto, ela se comoveu com a atividade e resolveu cortar o cabelo para doar. “É muito lindo ver os olhos deles brilhando e passa uma mensagem de empatia muito linda para a gente. Além disso, é uma transição. Parece que eu deixei o que eu tinha da Amanda para trás e agora estou entrando para me tornar uma médica”, comentou a estudante.
Na opinião da enfermeira responsável pelo Centro Oncológica Infanto Juvenil Edineia Carine Pastori o ato de se colocar no lugar do paciente é fundamental para uma equipe de saúde que está iniciando seus estudos. “Não é uma escolha do paciente estar aqui, é a única opção dele no momento poder realizar o tratamento e é inevitável a queda do cabelo em muitos casos, porém, é uma escolha e uma opção dos calouros estar aqui. Com certeza, com essa atitude, é possível ter um olhar humanizado, diferenciado com relação ao paciente, porque de certa forma, por um momento eles estão podendo se colocar no lugar do paciente”, ressaltou.
“Medicina tem a ver com ser humano”
Se para os estudantes é um aprendizado, para os pacientes o principal sentimento é o de mostrar aos futuros médicos como é estar do outro lado. “É uma coisa maravilhosa porque mostra para eles que a Medicina, mais do que tudo que eles aprendem, tem a ver com ser humano. A gente perde o cabelo com a quimioterapia e ver outras pessoas fazendo isso para fazer a gente mais forte é uma atitude muito bonita”, comentou Alisson Gaboardi Zuchi, de 16 anos. Diagnosticado com osteossarcoma, Alisson está em tratamento há 16 meses e nesse tempo já passou por cirurgias, quimioterapias e agora por radioterapias.