Em defesa da vida, pesquisadores e profissionais buscam alternativas que podem fazer a diferença
Parceria entre UPF, HSVP e IFSul resultou em um protótipo de automatização baseado na ventilação manual de emergência que, após testes, poderá ser uma alternativa respiratória para pessoas com Covid-19.
Desde o início da pandemia da Covid-19, a comunidade hospitalar vem recebendo com muita preocupação as notícias do avanço da doença. A principal angústia está relacionada à superlotação de hospitais, sobrecarregando as áreas de atendimento de urgência, especialmente UTIs. Mesmo com uma atuação rápida das autoridades para suprir a falta de equipamentos, principalmente ventiladores pulmonares e EPIs, a rede de abastecimento poderá não suportar uma demanda tão em alta.
Em função dessa necessidade, várias frentes de trabalho iniciaram no Brasil inteiro para desenvolver alguns desses equipamentos, gerando alternativas em caso de desabastecimento geral. Em Passo Fundo, um grupo de técnicos, engenheiros e profissionais da saúde da Universidade de Passo Fundo (UPF), do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e do Instituto Federal Sul (IFSul) vem trabalhando no desenvolvimento do protótipo de um equipamento que automatizasse a ventilação pulmonar realizada pelo ambu, e que serviria como alternativa em caso de um cenário grave de falta deste tipo de aparelho.
De acordo com o professor do curso de Engenharia Elétrica da UPF e um dos membros do grupo Dr. Adriano Luis Toazza, a ideia do protótipo foi baseada na ventilação manual de emergência, em que o profissional da saúde manipula manualmente um instrumento chamado ambu, para ventilação mecânica de um paciente. “A tarefa foi automatizar este processo através de um sistema servocontrolado, que impulsiona o ambu de maneira automática, deixando inclusive alguns parâmetros básicos de ventilação serem programados pelo profissional da saúde”, explicou o professor.
Resposta rápida
O protótipo foi criado em apenas cinco dias no Núcleo de Eletrônica do curso de Engenharia Elétrica da UPF e já está em fase final de desenvolvimento, sendo testado com analisador específico, com medição de alguns parâmetros fundamentais, como o volume de ar e pressão administrada ao paciente. O professor ressalta, no entanto, que para a certificação e o sistema virar um produto efetivamente aplicável ao paciente, algumas outras etapas precisam ser cumpridas, como submissão às normas da Anvisa, ABNT e Comitê de Ética, com uma bateria de testes específica e avaliação de um corpo de profissionais de área.
O protótipo foi criado em apenas cinco dias no Núcleo de Eletrônica do curso de Engenharia Elétrica da UPF e já está em fase final de desenvolvimento, sendo testado com analisador específico, com medição de alguns parâmetros fundamentais, como o volume de ar e pressão administrada ao paciente. O professor ressalta, no entanto, que para a certificação e o sistema virar um produto efetivamente aplicável ao paciente, algumas outras etapas precisam ser cumpridas, como submissão às normas da Anvisa, ABNT e Comitê de Ética, com uma bateria de testes específica e avaliação de um corpo de profissionais de área.
O grupo que desenvolveu o protótipo é formado por 13 profissionais. Entre eles está o engenheiro do setor de engenharia clínica do HSVP e coordenador do curso técnico em Eletrotécnica do Integrado UPF professor Me. Oneide Jorge Paixão. Segundo o engenheiro, o Hospital conta hoje com um parque com cerca de 110 máquinas, todas 100% ativas. No entanto, ele considera pouco para o tamanho de toda a região. “Quando as pessoas pensam só em Passo Fundo, falam em 200 mil habitantes, mas a questão são os 2 milhões de habitantes da região que Passo Fundo dá suporte. Então, nós como maior hospital da região, com certeza seríamos referência e seríamos muito sobrecarregados, com a estrutura posta à prova, em um caso de grande quantidade de casos graves”, comentou.
Mesmo ainda em fase de testes, o grupo avalia que a resposta do protótipo foi rápida. “Criamos um sistema ventilatório automático em apenas cinco dias. Salientamos também que muitas portarias foram dispensadas pela Anvisa nos últimos dias, simplificando o registro de produtos em virtude da pandemia e novas atualizações voltadas aos equipamentos podem acontecer numa piora do cenário nacional”, ressaltou Toazza. Para Paixão, a expectativa é que não seja necessário utilizar o equipamento, mas em último caso, ele estará à disposição dos médicos. “Acho que o mais interessante disso foi a resposta que a comunidade deu, com técnicos e engenheiros se mobilizando para desenvolver um produto que pode fazer a diferença na vida de alguém”, encerrou o professor.